quarta-feira, 25 de julho de 2012

Molequismos




Um balanço
Uma gárgula
Cem mil soldados
de massinha
Um general

A areia
Os castelos
Senhores com espadas
escudos
a tampa do baldinho
o graveto
o arsenal

O vento
O cortante nórdico
uma capa, um voo
O sofá, a salvação,
pr'o chão de lava
o admiral

e você uma possibilidade

segunda-feira, 16 de julho de 2012

E agora, mais uma mensagem de nossos anunciantes.

"ligue já para zero onze catorze zero meia"


branca página na tevê
longo é o curso de sua nau
seus dias são flácidos, monstro
sua vida é a histeria dos tombos maus

branca pagina da tevê
não me cobre juros em vida
para que meus filhos lhe deem seu ouro
eu cá, assustado como que fiel
ao estrume jogado na minha partida

branca página na tevê
decorei sua alvura rota
é de pasta de dente, alvejante
sabão em pó que lava e carcome
rápida intensa e irônicamente e roupa

branca página na tevê
não serei seu melhor anunciante
nem secarei ao seu sol os meus cabelos
só quero que me deixes as madeixas
sem importunar o tutano, que da cabeça
vem antes

terça-feira, 10 de julho de 2012

bolero lero



n'uma sinfonia curta
em dois atos
palato e cheiro e chão e tato
o breu entregue
em prato para dois

eu rosa som
você vermelha fúria

uma mortezinha
aqui e ali, nada dura
e sem alguma jura
a sorrir de manhã

com tremores do bom
dos pés, cabeça
ponta do nariz, orelha
unhazinha esquerda da mão

dando o ritmo
até a próxima valsa partir
de ônibus desse lugar
ou não


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Intimados Versos





Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última Ingratidão.
Somente a Quiméra - esta companheira -
Foi tua pantera inseparável!

Acostuma-te à terra que te espera!
A Fera, que, neste homem inevitável,
Mora, entre a lama miserável sente
Necessidade de também ser homem.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O amigo, véspera, é o beijo e o escarro,
E o afago da mão é o mesmo do apedrejo

Se a alguém pena inda a causa do teu beijo,
Apedreja essa boca vil que te fala,
Escarra nessa chaga que te afaga!


*** Mal tratamento do poema de Augusto dos Anjos***

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

_ Versos íntimos