segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Chave de Fenda




Bicicleta Ciclone Cicloneta
dois ciclos se enxugam no avante
Baião Perneta Baioneta
uma dança se mastiga na guerra
Maranhão Bahia Maria
a medida se transforma em elefante
Tristão Tereza Tristeza 

amor de ferida não rima não erra e não lava as mãos

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cardiópata _ Isto é um conto, meio muçarela, meio elegia




À braçadas estende a veia à seringa
Pára-se
Ouve-se
Intravenosa em miligramas comuns

O paciente nº 33 estabiliza-se e pede café com pão

*Desjejuna conforme impresso de circulação popular a cura para a letargia em artigo acadêmico psicopatológico .

_ A imaginação controlada não vê mais gatos nas nuvens e flores nos muros chapiscados e macarrão nos fios do computar portactil, nem ouve tuba nos sons de Roberto Carlos, ou sabores de Amendoim no almoço da avó, nem padrões de dragão em fogo de isqueiro, nem nádegas maiores em calças sem lycra da moça magrela que pede licença. Os resultados correspondem à castração de aniquilamento licenciada.

*Dá-se à gravata de cetim a possibilidade para um nó simples. Obtêm-se um nó simples. Sapatos engraxados. Dentes escovados. Barba escanhoada. Cabelos a 1,33 Cm exactos.

"Objeto de estudo nº33 pediu hora extra." _ Dá-se viva.

Nenhum computador foi danificado no experimento de Cárdio-Acepcia.

sábado, 24 de novembro de 2012

Massagem cardíaca





E, no canto esquerdo do ringue:

Amores e tumores em estado eterno
a mão que afaga o nada, é o cuspe dos anjos
e caminho sobre cacos de vidro,
sacrifício último de não ter luta a se lutar

As distâncias são servidas em pratos de sombras
pra saudade que não significa falta de pai nenhum
divulgando a cada canto o Eu no córtex compartilhado

Freud que se foda

Oremos a Quixote
Oremos cafeína, vomitemos morfina, choremos colombina
                                                   Rima fácil não paga frete

Deitemos o troco em troca do trabalho
o contrário, trapo, é a traquinice infantil:
A mente mente pra si mesma, porque escrota e juvenil
a ignorância é uma piada que não perde a graça:
o pato Donald esconde o pênis nas penas, por isso não usa calça

sábado, 27 de outubro de 2012

C'a'covinha




vale

bochechudo

vale

toda uma ópera

vale

sorriso estampado no sorriso
                         porque vale
dentre tantos um

único um unificado

UM

porque precioso (demasiadamuitomente)
pra ser mais que hum


cova

porque enterra tristezas

cova

porque é morada
,é sim,
última casa para melancolias

cova

bonita pequena cova minha

"covinha"

só uma,
sessim duas

ah, sessim duas

era café almoço jantar
era ar,
era de se desencaminhar

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ao chão



no chão
pesado é a parte nossa
gravidade é de pé
veloz é o sangue
truta contra a pedra

no chão
tudo tem gosto de pedregulho
pedra e barulho
a terra que não é nossa
fica a terra que é nós

no chão
toda moeda gruda
papel para de cair
o leite não derrama
nem relógio, nem alma

no chão
o amarrelo o preto
o branco o vermelho
no chão é cor de chão

porque chão n'é casa
porque chão n'é país
porque chão n'é território
porque chão n'é cultura
porque chão n'é dinheiro
porque chão n'é trabalho

chão não é verbo

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Farelo Translado






autodestructivos isótopos no canto da cabeça
esqueça...

uma paisagem adornada de pedras, naus e bandeiras
caveiras,

cancros, bexiguentos rotos ratos
mortos

suspiros de amor e parar no posto para calibrar o pneu
ateu

furado cujo peito perdido pede a bunda gorda
absorta

da empregada da Marina Augusta
puta

que me lembra porquês de pequeno
veneno

tomado aos poucos nos peitos loucos
das meninas

Oh senhor dos vagabundos que o freio ferre e esse semáforo desabroche em mil flores vagabundas e essa terça me mate de uma vez com um golpe de martini bem no meio da glote a engasgar as pernas enquanto correm ratazanas do Dogão do Tio João para o FastFoodMarqueteiro lotado e que antes de ver eu cegue cheio d'um branco eterno

terno
moderno traço no chão da ladeira

cadeira
que segura o paletó preto riscado

parado
na santa ceia de sapos selados no quadro

pregado
na parede perpétua do meu lobo frontal

igual
a todos os nomes que eu posso dar adeus

Ah, Deus...

fundi mais um motor

terça-feira, 9 de outubro de 2012

já fui tantos... já fui.





já fui tantos... já fui.

pequeno, mas dos mais altos espichados homens que todos diziam ter crescido inchados toda vez que veem os mais altos espichados homens que todos diziam ter crescido inchados
e dos que não acreditaram em vassouras voadoras
nem na volta dos céus d'um indiozinho
de metal do fundo do fundo do
fundo escuro da cama, ô lugar escuro e fundo que
engoliu meu indiozinho de metal, eu era
pela primeira vez ateu

e então fiz meus sete anos.

saudei num equinócio propício a maturidade da aurora de minha
infância, celebrando a alquimia das horas
infindas numa sala sozinho, barbeei
doze macacos de pelúcia com tesouras sem ponta e bebi
da poção de guarapã com brahma guaraná no cálice de 200mL para operar
doze bonecos dos comandos em ação, dando vida e braços novos, em
doze dias diferentes que
transformavam uma estação em outra

e então os dez anos chegaram,

descobri-me absorto em peitos, talvez os maiores peitos que vi são daquela moça da sexta série 605 que estudava à tarde e não tinha nada a ver com as da bandeirantes no sábado. Eu não entendia os movimento mas só notava aqueles grandes balançando bobos, bem bobos, menos bonitos que o da menina do 605 na camisa de educação física branca, os dela eram maiores e não eram bobos, os dela eu podia pensar melhor, fazer de dois quatro, da moça duas, de mim metade

só para terminar com vinte e três
sem terno nem gravata
nem plano da unimed

amém (talvez)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cérvico

Marie Therese - Pablo


Torcicolo
um colo no colo do colo
das musas de Picasso

Torci, sim, mas não, 
torto assim, por si
deu certo

Minha pica para os palhaços.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Uberlândia, 18 de Setembro de 2012





diga-se, não mais papel.
importo-me com esta merda,
esta merda desta tela

no aflitar-se dos meses,
concreto a mim só uma porra,
uma porra de pobreza

velha meia furada na bala:
há que dizer-se a ti: não mais
mas não mesmo mais não

por aqui coisa que valha,
paciência nãopaciente,
pansciente e inconsciente
na ciência dos deuses

que me dirá pagão
rezo também pelo seu,
tão bem pelo teu, Deus

_a fé, afeto, a fantasia
a pé, ímpeto perto
d'um fundinho de palmo de chão

por aqui sabá
não mais
por aqui:

vou calhar na minha terra
que é no ar

por lá sabá
mas não
por lá:

vou calhar na minha terra
que é no ar

e, baby, se for pra pedir tostão,
guardo sua foto no meu bolso
bolso meu no peito esquerdo.

Uberlândia, 18 de Setembro de 2012

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Jornal das Uberbundas nº 1 - O triângulo das bermudas





Uberlândia, ah!!!, o cerrado dos dentes! o cheiro do chão do Ooze às 04:00 da manhã! o T131 na hora do rush!

Amigo leitor, o período é de magia por essa cidade.

O município vive a febre bienal de mais um eleição municipal. Por todos os cinco cantos da cidade, bandeiras de candidatos e santinhos e carros de som e carros adesivados colorem, sem coordenação motora, o céu e a terra uberlandenses,  mudando o panorama comum da cidade. Em alguns aspectos, o panorama não muda: O poder, assim como em todas as outras eleições, permanecerá nas famílias tradicionais, entretanto a cerveja encarece de bar em bar, o tiro come solto no centro, para indignação das autoridades, já que a violência sempre foi escoada para a periferia, e a greve na UFU, com possível votação para reitor no período de paralisação, dão à cidade um novo cheiro: .

Sinta o cheiro de caos pela manhã, tem cheiro de Uberlândia no fim de Agosto.

Procurando uma explicação, o Uberbundas entrou em contato com pesquisadores do Núcleo de Mitoclimalologia do Instituto de Geografia da Universidade Federal. Eles afirmaram que os motivos do caos climático de dois em dois anos são muitos e poderiam ser associados: Um raro efeito da corrente de ar vinda do Acre, somado ao fim do florescimento dos ipês, ao aumento do acasalamento dos cães de rua no fim do inverno e a mudança sazonal no canto do bem-te-vi no Parque do Sabiá.

Esses fenômenos desencadeados talvez sejam a resposta para os muitos relatos de visões proféticas pela cidade. O Uberbundas traz a público com exclusividade a descrição de uma dessas visões, tida por um morador do bairro Jardim das Palmeiras II que não quis se identificar:

"Saindo de casa para o trabalho, depois de pegar meu troco no ônibus, pude ver a Tia do Docinho voando pela cidade e distribuindo doces, tão minúsculos que pareciam pingos de chuva, enquanto o congado passa pela Igreja do Rosário."

Será um aviso de que,  finalmente, o dia de dar certo irá acontecer, como tanto praguejou a, nesta visão, voadora vendedora de doces?

Será que, assim como em outros relatos de visões ouvidos pela cidade, o time profissional de futebol da cidade terá patrocínio e administração justos e levantando a taça do campeonato brasileiro de futebol da primeira divisão? ou as pessoas entrarão em fila nos ônibus, após esperar quem estava lá dentro sair, ou acontecerá a despanelização da produção cultural na cidade, a  integração da cultura branca e negra, tão segregadas "cordialmente"...

Por enquanto, ficamos com a visão do redator, em que o infame Sérgio Mallandro aparece na hora do jornal do almoço, gritando seu bordão máximo:





Por hora, o Uberbundas aconselha: Já que, por aqui, não há como correr para as montanhas, procuremos o bar mais próximo e barganhemos uma saideira.


************************************************************************************

Nota 1: Imaginei o acontecido de Quinta passada, aquele na frente do Tio Patinhas, narrado pelo Gil Gomes e escrito pelo Nelson Rodrigues. Me senti tão mal, que tive de tomar um chá de boldo que as tias dão pra curar qualquer coisa, inclusive fratura exposta, no Zé Inácio.

Nota 2: Patati e Patata são a melhor atração do CAMARU 2012.

Nota 3: 32,77% de acréscimo de barba
             21,18% de aumento de tempo para terminar a graduação
            0,001% de trabalhos adiantados
     0,000% de vontade de ouvir novamente a charanga.

Estes são os números da greve até o momento.

domingo, 19 de agosto de 2012

rosassim


o grão de poeira
ampulheta de longe
apaga certa
na medida da mordida
no ombro e no beiço

sorte de ter, a rosa
tatuada núvem
que passa certa
no céu, e aberta
aponta o beijo

dado a mão,
sem vão nenhum, sem tempo
a medida desmensura
desregrada, destoada
pra quê? se vê o bom,
concreto e desejo

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

na janta




um por um por um
no filé
da sopa de letrinhas
sem o agá
com pão duro

atabalioadamente
digito o pedaço
de dedo médio
no muro

o soco
o palmo
o inimigo
aa parte,
e em mim,
o sentimento do murro

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Alegoquímia



abater a feia forma da fome
da realidade independente
com uma faca de manteiga
da imaginária existência
de dois anciãos

passá-la no pão
mastigar nas dentaduras
em formato de lanças
geneticamente moldadas
por cientistas pagãos

num passado inventado
engolir, deglutir, absorver novamente
ruminantemente
por seus quatro estômagos

eu e você, vacas sagradas

a tirarmos o leite tipo X
 a batermos vigorosomente
aa quatro mãos de macaco
e formar a manteiga dourada
no pilão

,para,
só então

usarmos a tal faca com sabedoria
num ritual de café da manhã metafísco sideral

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Molequismos




Um balanço
Uma gárgula
Cem mil soldados
de massinha
Um general

A areia
Os castelos
Senhores com espadas
escudos
a tampa do baldinho
o graveto
o arsenal

O vento
O cortante nórdico
uma capa, um voo
O sofá, a salvação,
pr'o chão de lava
o admiral

e você uma possibilidade

segunda-feira, 16 de julho de 2012

E agora, mais uma mensagem de nossos anunciantes.

"ligue já para zero onze catorze zero meia"


branca página na tevê
longo é o curso de sua nau
seus dias são flácidos, monstro
sua vida é a histeria dos tombos maus

branca pagina da tevê
não me cobre juros em vida
para que meus filhos lhe deem seu ouro
eu cá, assustado como que fiel
ao estrume jogado na minha partida

branca página na tevê
decorei sua alvura rota
é de pasta de dente, alvejante
sabão em pó que lava e carcome
rápida intensa e irônicamente e roupa

branca página na tevê
não serei seu melhor anunciante
nem secarei ao seu sol os meus cabelos
só quero que me deixes as madeixas
sem importunar o tutano, que da cabeça
vem antes

terça-feira, 10 de julho de 2012

bolero lero



n'uma sinfonia curta
em dois atos
palato e cheiro e chão e tato
o breu entregue
em prato para dois

eu rosa som
você vermelha fúria

uma mortezinha
aqui e ali, nada dura
e sem alguma jura
a sorrir de manhã

com tremores do bom
dos pés, cabeça
ponta do nariz, orelha
unhazinha esquerda da mão

dando o ritmo
até a próxima valsa partir
de ônibus desse lugar
ou não


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Intimados Versos





Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última Ingratidão.
Somente a Quiméra - esta companheira -
Foi tua pantera inseparável!

Acostuma-te à terra que te espera!
A Fera, que, neste homem inevitável,
Mora, entre a lama miserável sente
Necessidade de também ser homem.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O amigo, véspera, é o beijo e o escarro,
E o afago da mão é o mesmo do apedrejo

Se a alguém pena inda a causa do teu beijo,
Apedreja essa boca vil que te fala,
Escarra nessa chaga que te afaga!


*** Mal tratamento do poema de Augusto dos Anjos***

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

_ Versos íntimos

quarta-feira, 27 de junho de 2012

terça-feira, 26 de junho de 2012

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Conta de Luz



poesia em largo tato
no maquinal dia fátuo
é a malandragem
[de bem gastar
o afeto e o fosfato

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cronista de Quintal facts.




Comemorando as 4mil visitas, aqui vão algumas

CURIOSIDADES CURIOSAS DO CRONISTA DE QUINTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAALLL!!!!




_ O autor é atleticano até a hora indesejada, joga no Tigre no jogo do bicho, é fã de Samuel L. Jackson, sente saudades da TV Colosso, tem mania de rir da desgraça alheia, não acredita numa segunda vinda de Ingmar Bergman, leu Paulo Coelho, e nunca mais teve problemas com fogueiras no quintal, já zerou Killer Instinct em 28 minutos, acredita ter conversado com Graciliano Ramos numa loja em BH e era bom em química orgânica no ensino médio.

_ 15 países diferentes foram detectados pelo blogspot, sendo que o blog recebe a visita ilustre de um Tcheco toda semana. Para você, meu amigo eslavo:
"Děkuji vám! Také dal něco o Peter Čech."

_ O Blog não possui moderação nos comentários, não apagarei xingamentos, nem propagandas, nem panfletarismos, nem mensagens de amor ao curíntia, fiquem à vontade.

_ Era pra ser um site de crônicas, mas, segundo resolução oficial, foi considerado pela cúpula do G20 + Pasárgada que poesias são crônicas esquizofrênicas, portanto o blog ainda é de crônicas.

_ O Stormtrooper da foto é aleijado da perna direita. Luke, você tem o lado negro da força dentro de si.

_ As imagens só começaram a aparecer em 2010 porque meu computador era movido à querosene.


_ Foram gastos os seguintes materiais para a produção do blog até então:

* 362 maços de cigarro.
* 1282 latas de cerveja
* 3 garrafas de Stanhagger
* 10 quilos de amendoim japonês
* 3590 litros de café preto forte
* 2 garrafas de whisky barato e ruim
* 2,5 kg de Bicarbonato de Sódio, para ressaca.
* 2 caixas de estalinho
* 1 papo bacana com Jim Morrison depois de tomar um vidro de xarope Vick e comer um saco de bala de goma de ursinhos.


Alguns agradecimentos:

* Tio do caldo de cana, que me deu um caldo de cana com limão na praça Sérgio Pacheco, quando estava de ressaca e sem dinheiro

* Pessoal do posto da Getúlio, pela cooperação bacana com a falta de moedas.

* Meus amigos do Red Lobster's Club, sempre bancando uma cerveja quando eu tô duro.
(Douglas Miranda, te devo um Jack, um Ballantines e um Jim Bean; Macedo, te devo 750,00 Reais; Elias, te devo 350,00 Reais; Fernando Martins, te devo umas cervejas stout, um dia eu pago)

* Beth, a fornecedora dos livros e textos esclarecedores, principalmente aquele do Bradbury.


* Natalie Portman, pela inspiração bacana.

 

A todos,

obrigado!

agora o quintal tem pomar, churrasqueira e vista para os montes de Pasárgada.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Le-Le-ô




Ninguém me avisou
de Paulo Bigode.

Se 'cê lê Leão
aqui e ali,
Lê Leminski.

Alá e Odin!
Que malfeita danada...

Se cê Lê Leminski
Não lê Leão
Lê a visão
boba, porca, escrota,
de J. Pinto Fernandes

que faz chover no seu piquenique

vrido



conforme a vida
vidro sintético

Eu

um refém do tédio,
um estilhaço.

amor nos tempos do sutiã com senha



um porre
no prato
a peste

ai do amor vadio
que tu me vestes

quero a dor
ardor, querida,
ardor!

não essa merda rala
que tu me destes

um soco
cruzado
a vácuo

ai do amor besta
que tu me lêste

quero amor
a mordaça, querida,
sem pudor!

não esse sutiã
difícil de tirar
que tu te vestes

toma doril



a palma
a planta
a pátria
a puta que pariu

e você prostado na frente do visor

comendo a merda do locutor

dançando a cúmbia do exterminador

e a dor meu filho?

e a dor?

terça-feira, 19 de junho de 2012

Memória Chorumecida




Uma tristeza bateu
knock out
no poeta a viver de bagos de feijão
amargo

Uma prece morreu
ring out
numa capela a luzir fria num porão
letárgico

E se é pra cair no chão
só pra tirar um sarro
vou fazer ela limpar
meu sangue
suor
e catarro

E se é pra ficar na mão
ironia do nosso entulho
vou fazer ela lamber
meu choro
sua dó
e um esporro

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sobre afundar

Cantiga popular:

A canoa virou quem deixou ela virar?
Foi por causa do Leão que não soube remar
Se eu fosse um peixinho e soubesse nadar
Eu tirava o Leão do fundo do mar...


Quando quedar
vinte mil léguas submarinas
a água verde saltando
farta das narinas

Ainda no mar,
da mãe Catarina
naufrágio vermelho
Esperando a Ondina

Da perda risonha,
lembrarei convicto
estranho, estático
medroso e aflito

Que se perde o amor
deitado na rede
com cobre e latão
não se mata a sede

O que resta
é grão de resina
menina poeira
no pé da marina

O que resta
também determina
menina sem eira
verde na retina

Poema de amor, direto do lixo



Partiu
Feito faca quente
em manteiga da geladeira
e, com sua bunda larga,
Afiada

Comeu
Um naco de tripas,
e da barriga vazia,
com sua boca de hipopótamo,
numa só dentada

e deu descarga
na sujeira vermelha,
feliz feito o cão
chupando os dedos

depois

Atirou
Calibre pesado,
ali, bem no meio do peito,
no moço com seu caderninho

e deu de costas,
feito Clint Eastwood,
sem receio

Morreu
Esse mesmo idiota,
digitando no sangue e com um cigarro barato e cervejas baratas e um sorriso barato

poemas de amor, direto do lixo

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sobre as crenças.




Por uma perseguição imoral
eu, baixo,
sorrateiro
e anormal

Atinjo os teus olhos
de flecha em sicuta
[a 10%
em loção matinal

Correndo nas veias
a decisão sem igual
de matar-te aos poucos
    [molé
cula
a
    [partí
cula.
bem na veia arterial

E nesse instante mínimo
confessional
Tenho que dizer que sorrio,
e é o maior dos sorrisos
o escrotal.

Mas é por ventura e honra
que Aviso:

Corra para as montanhas.
A liberdade é banal.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Os Berlandênses 2: A humanidade, depois de hoje, pode dormir sossegada.




Uma tevê passa propagandas e vídeos "engraçados" pescados na internet nas lotéricas hoje em dia. Por mais que o conteúdo seja uma porcaria, alguma força sobrenatural o torna hipnótico. Num certo momento, a tela plana enfeitiçada apontou um famoso grupo de pagode como possível dica de música. Fiz aquela cara feia, sabendo que, bêbado, cantaria qualquer coisa que tocasse onde estivesse.
Imediatamente uma senhora se põe a resmungar atrás de mim na fila:
_ Que porra de música é essa? Nunca ouvi falar. Olha o que se escuta hoje em dia...
_ Nem eu, minha senhora, nem eu _ pensei com as contas altas de luz e água esfaqueando meu bolso, enquanto pensava em seis números da sena.
_ Pois eu nem consigo olhar pra coisas assim meu filho _ completou balançando a cabeça, como que pra confirmar o pensamento. Ajeitou o cabelo, já grisalho, cruzou os braços e completou _ no meu tempo essas coisas não prestavam.
Sorri tão displicente, que as feridas na carteira até deram uma boa cicatrizada. _ E então, o que a senhora costuma a ouvir? _ Não me contive, quis passar o tempo em uma conversa besta, perguntei desinteressado e esperando ouvir um nome gospel, um Roberto Carlos, um Amado Batista.
_Pois eu meu filho, eu gosto é de um bom Beatles, Creedence, Pink Floyd, essas coisas que prestam para as pessoas ouvirem.
Uma sensação de espanto ecoou na lotérica. Naquele momento, uma luzinha foi apontada do céu, como um milagre, me senti ganhando um Kinder ovo do meu pai aos quatro anos de idade, pegando na mão da menina mais bonita da escola aos dez, zerando Zelda aos treze, ganhando cerveja aos dezesseis, sem ressaca depois de uma noite de bebedeira aos vinte.
A vida pareceu que seria melhor daquele momento em diante.
Gostaria de ter abraçado a senhora, mas me contive, ultimamente o mundo anda caótico para o afeto. Saí daquela lotérica com uma certeza: O mundo ainda tinha salvação, nessa terra esquecida por Odin.

Cena presenciada pelo autor deste texto em uma casa lotérica localizada na Av. Afonso Pena, quase esquina com a R. Goiás em Uberlândia, Massachussets.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

poema da necessidade





para querer o cão
latido
para querer o pão
fiado

para engolir o não
farinha
para entoar canção
lirinha

para modelar na mão
um nome
para amotinar a nau
a fome

para gostar da garota
Além do que se vê
para esquecer da ingrata
Adeus você

para feijoada
couve serve
para ressacada
uma bela greve

para a manhã
futuro
para amanhã
seguro

para o sul
paraná
para o norte
pará

para parar
a palma
para lembrar
a alma

para andar ao lado
paralelo
para comprar o terno
paranoá

para ver fantasmas
paranormal
para ver nas linhas
paráfrase

para não terminar
vírgula,

sábado, 2 de junho de 2012

legar




com pedaços de lego
pecinhas do ancião
montei barbudo
médio, 
são,

o vertebrado eu

um leão.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

good trip





pé ante pé ante pé ante pé as letras comem. devoram mil e quinentos gramas da carne suja e poeirenta para diversão se encontrar. só assim o mundo é dissolvido em tíner de alta reação, conhecido como leitura, e o que fica são essas letras carnívoras. volatilizada a realidade, surge ali, onde quer que seja, um mar de estreita em que o homem é escravo da mulher deusa, só para voltar para sua casa, tem em 24 horas sua saga por dublin em muitas, muitas páginas, é amigo de pança, o escudeiro, deita-se na cama com o perigoso sade e vê um mal diferente do seu, enfrenta grendel de mãos nuas, somente com os olhos, para então se deleitar com as musas todas, conhece liliput, os yahoos e o centro da terra, participa da cavalgada dos rohan de armadura e espada empunhada, se depara por ser confidente de iago, temendo o mal de othelo, numa reviravolta escuta mil e uma histórias ao lado de um rei, vê outro mendigo, vê outro nascer ao desenterrar de uma pedra a espada e seu reinado até que, num momento de lucidez perdeu a visão para a brancura. enxergou, viu, reparou, em tudo, voltou para sua casa de papelão, menos amargo.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Canalhismos Osteortográficos




A (a)gramática
cresce nos subsolos
substrato dos batatas
nas cadeiras acadêmicas
destratando a sopa grossa
das letrinhas dos mais simples
nossos linguaráveis ancestrais
meu avô, sua avó

Lusamérica Latim
em pacotes grandes de carmim
narrtiva dos que vencem
na vida vã, com dimdim

Lusamérica Latão
em pacotinhos curtos no gibão
a narracidade dos que pecam
na sobrevida farta, sem quinhão

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ao grande poeta Vinícius de COME HERE!, meu carinho.




Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer num pilão giratório do Zangief?

Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar ao meu lado com Hagar no último chefe?

Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: - É, Meia Lua Y, nem sempre funciona...

Quem, bêbedo, chorará em voz alta
De não ter pego o Yoshi na hora certa?

Quem virá despetalar as pétalas
Da flor do fogo do Mário, no meu túmulo de encanador-poeta?

sábado, 19 de maio de 2012

Astrolábio Capitão Chinés





Come-se angu novo
velho engodo
bem grudado
com mil sais

salgado feito
morte       lenta
pavoroso sentimento
me desfaz

agosto
com seus tchaus
a mirar nos olhos
tais

ninguém traduz
do mandarim
saudade
nunca mais

nem uma taça
chingling
do rei ming
alguém me trás

nem o bigode
longo esguio do artista
esguio e velho
me apraz

entretanto nessa
china, tão menina
carolina muito bela
é incapaz

de aparecer recentemente
numa rima tão contente
tão bonita que descrente
perde a rima _________

e aí, 
bom,
 e aí meu amigo
aí não dá mais, 
porra.