quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Canto da beleza real de Janaína


A vi de longe cantar
em teu manto claro de mar
deixando o vento soprar
nas águas de cá e de lá
tecendo as rendas
um engenho de rendas
que vejo engendrar
E se não posso lhe chamar
te nomeio Janaina
da beleza real de menina
desde já

Antes que espante
[e vá se deitar
lhe digo com toda pressa e sem pensar
que os mesmos pés que pisam o chão devagar
sentindo o mover que a lua branca lhe dá
hão de pisar no fundo deste verde mar

E sou eu que vou te chamar
Janaína, quando eu iya deitar
Inaê que me traz acaçá
Janaína, quando eu iya deitar
Inaê que me faz descançar

E sou eu que vou te chamar
Janaína, quando eu iya deitar
Inaê que me traz acaçá
Janaína, quando eu iya deitar
Inaê que me faz descançar

 Para acompanhar a leitura

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma ode, uma Dríade


A Vejo
Algo como o vento
traz na graça das árvores
Uma infante beleza que agrada
a beijar-me o rosto em sua briza
seja em dias de sóis inexpugnáveis
e luas cheias de todos os versos possíveis
todas as rimas dizíveis e inventáveis
nessa boa razão de parar-me aqui
a observar os bons lampejos livres
de uma só rainha das árvores
movendo-se
a dançar
a sorrir
me entreter
pois sem vê-la
não há aqui poesia

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Algo do Mestre Oneiro






















Sua face vil lhe mostra em um sonho
Que a derradeira chama que arde em ventre de mulher
lhe pode ser mais sagrada que lágrimas de pobres demônios em terra
Não, não falo de maldade absoluta, o ardil, o sonho vão
Falo da natureza humana num vai e vem infinito
Entre sombras e grandeza
Entre sonhos e tristeza
Entre três mulheres que vigiam da lua
Entre meus olhos, que repouza um mar de razão e sentimento
Tão vil quanto a face mostrada naquele sonho
A pobreza, a putridão, a marca da besta
Que somos todos aqueles que se fazem
Num mundo morphéico nossa morada
E morremos por lá, esquecendo que a carne aquece a carne
E o sol levanta sem precisar
Pra olharmos num espelho
Que aquilo que produzimos ao dormir
Pode ser mais belo ou mais feio
Mas ainda é o real, que não é real
porém forte e novo
A cada segundo
Que morremos
e supitamos
um pouco
de nós